Livro
Título em Português: O Nome da Rosa
Título Original: Il Nome della Rosa
Lançamento: 1980
Editora: várias
Filme:
Título: O Nome da Rosa
Título Original: Der Name Der Rose
Duração: 130 minutos
Lançamento: 1986
Direção: Jean-Jacques Annaud
Sinopse: Estranhas mortes começam a ocorrer num mosteiro beneditino localizado na Itália durante a baixa idade média, onde as vítimas aparecem sempre com os dedos e a língua roxos. O mosteiro guarda uma imensa biblioteca, onde poucos monges tem acesso às publicações sacras e profanas. A chegada de um monge franciscano, incumbido de investigar os casos, irá mostrar o verdadeiro motivo dos crimes, resultando na instalação do tribunal da santa inquisição.
Aí vocês vão
perguntar: Umberto Eco em resenha hot, você tá
bem? Para quem não leu O Nome da Rosa a resposta é: tem sexo no livro. Relações
hetero e homossexuais, consensuais e não consensuais. Então olhando pelo lado
de “tem sexo é hot” o livro está no lugar certo.
Eco era
filósofo, ensaísta, contista, romancista, bibliógrafo e, chega, o cara era um
gênio. Um homem com facilidade de se comunicar, de pensamento ágil e língua
afiada. Costumava dizer que preferia que o sucesso tivesse vindo com o último
livro e não com o primeiro. Sim, O Nome da Rosa foi seu primeiro romance, mas não
sua primeira publicação.
Lembro que
na época do lançamento eu tinha apenas oito anos, mas chamou a minha atenção um
livro que falava sobre “a proibição de ler”. Como assim, um lugar, uma época em
que não se podia ler? Um livro assassino? Lá foram meus pais tentar descobrir
se eu poderia ler o tão comentado livro.
“Filha,
vamos fazer um trato”, mamãe a estrategista. “Você espera chegar as aulas sobre
Inquisição no colégio e mamãe te dá o livro”.
Fazer o quê?
Esperei. E não me arrependi nem por um momento. O Nome da Rosa é fantástico,
magnífico e tive que reler algumas vezes ao longo da vida (a última vez foi no
final da faculdade), porque é um livro que muda conforme sua bagagem intelectual
aumenta.
O pano de
fundo da trama são as transições de poder que ocorreram na Baixa Idade Média (ocorrida
entre os século XI e XV) quando o feudalismo começou a perder espaço para o
capitalismo na Europa. Em um cenário onde a Igreja Católica ainda é a grande
governante detentora do poder supremo, mortes misteriosas chamam a atenção para
o mosteiro italiano onde as obras literárias, consideradas proibidas, são
guardadas e protegidas.
Para
investigar as mortes, um frade franciscano, William de Baskerville, é enviado
para descobrir o assassino e o motivo pelo qual as mortes ocorreram. Sim, o nome não é mera
coincidência. O personagem é inspirado em Sherlock Holmes e tem até um
ajudante, Adso de Melk.
As mortes
seguem os princípios dos sete pecados capitais – opa, outro filme! Gula,
Avareza, Luxúria, Preguiça, e por aí vai.
A maneira
como Eco nos envolve na história é fascinante! É praticamente impossível largar o
livro antes da última página e a revelação do assassino é de uma inteligência ímpar.
Vou dar um
spoiler, só leia esse parágrafo por sua conta e risco. O livro é narrado por
Adso, já velho e a cena em que ele descreve sua primeira relação sexual e a
descoberta do amor carnal é de uma delicadeza que deixa muita autora erótica
com vontade de cortar os pulsos.
No ano de 1986, o livro foi adaptado para o cinema e como já conhecia o livro, sim eu rompi o acordo com mamãe, pude ter uma base de comparação. Inacreditável, mas o filme consegue ser melhor que o livro – na minha modesta opinião. Não porque explore fielmente a narrativa, coisa que faz, mas porque visualmente falando ele nos transporta para a época.
Sem contar
que Sean Connery dá mais um show de interpretação. O elenco é primoroso:
Christian Slater, Ron Perlman, F. Murray Abraham, Peter Clös e Massimiliano
Scarpa entre outros. Sim, nomes pouco conhecidos na época, mas grandes atores.
Perder
Umberto Eco é uma tragédia, mas seus ensaios, romances e sátiras continuam por
aí, disponíveis para nos encantar. E mesmo que você considere o filme “velho”,
leia O Nome da Rosa. Suspense, mistério, romance, erotismo e uma aula de
história, tudo em um único livro. Para quem não sabe, "Pós Escrito A O Nome da Rosa" é um ensaio de pouco mais de 30 páginas lançado para "explicar" o livro.
Vejo vocês
na próxima semana.
Muito bom Bel, uma merecida homenagem à este grande escritor. Parabéns! Um dos grandes méritos desse livro, além da história envolvente e de todo teor filosófico/teológico é a forma como ele investiga os assassinatos, lembra muito o método utilizado por Sherlock Holmes (a inspiração não ficou só no nome mesmo!), eu como fã do detetive britânico adorei esse elemento.
ResponderExcluirEscrevi também uma resenha sobre a adaptação desse romance no cinema, se tiver curiosidade de comprar com a sua vou deixar o link abaixo.
www.rascunhocomcafe.com/2015/08/o-nome-da-rosa-o-lado-sombrio-da-igreja.html
Abraços,
Alessandro Bruno
Oi Alessandro, sentindo sua falta por aqui.
ExcluirLink anotado, vou dar uma olhada, mas não comparar.
Bjss
Oi Bel!
ResponderExcluirEu só assisti o filme (isso nos tempos de colégio ainda) e achei um tédio hahaha.
Dos livros, só li um do Eco (Cemiterio de Praga) e também não curti muito. Ainda assim, não tenho dúvidas que o autor tem muitos méritos. Quem sabe outras histórias me empolguem mais?
Beijos,
alemdacontracapa.blogspot.com
No dia da morte do Eco vi vários "intelectuais" falando da grandeza, variedade, versatilidade, cultura do autor. Nenhum citou o humor, a leveza e linguagem acessível. Eco é fácil de ler, é divertido e tende a aproximar o leitor de sua obra, mas aqui no Brasil intelectual precisa ser algo fechado e difícil de ler.
ExcluirTalvez se você experimentar outras obras, talvez se você se abrir para a beleza das obras dele você goste. Talvez não. Eu amo Shakespeare, quase todos meus amigos detestam.
Olá Bel,
ResponderExcluirAcho que perder o Umberto foi uma coisa sem tamanho para a literatura.
Infelizmente, apesar de achar isso, não me sinto impelida a ler seus livros, pois já vi umas coisas sobre a leitura que não me agradou e me traz aquela sensação de que não vou gostar.
Achei seu post muito legal.
Beijos,
http://mileumdiasparaler.blogspot.com.br/
Não forme seu gosto pela opinião alheia. Se fosse levar em conta tudo o que li e ouvi sobre meus autores prediletos ainda estaria jogando vídeo game e usando fraldas.
ExcluirSe eu gosto ou se desgosto é porque não me importei com o que disseram ou escreveram, fui lá e conferi.
Este livro é incrível, está entre meus favoritos. É uma obra de mistério, com muito conteúdo ( as descrições sobre a importância do riso, a vida de Jesus e o como seria a maneira certa da Igreja se portar são ótimos) além disso fala sobre livros e sua importância num monastério que tem um biblioteca magnífica e misteriosa. Não tem como não adorar.
ResponderExcluirAbraços